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Estimulação cerebral profunda

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Raio X dos eletrodos de ECP em cima. O metal visto nos dentes é um aparelho dentário e não tem relação com o ECP.

Estimulação cerebral profunda ou ECP (do inglês Deep Brain Stimulation (DBS)) é um tratamento neurocirúrgico para transtornos neurológicos usando um marcapasso cerebral que envia impulsos elétricos a determinada parte do encéfalo. É usado no tratamento de doenças neurológicas em que a medicação não foi eficiente e que causa amplos prejuízos ao paciente.[1]

O procedimento não é uma cura para Doença de Parkinson ou Tremor Essencial e não impede a progressão das doenças, mas tem se mostrado eficiente no controle dos sintomas motores e pode devolver aos pacientes autonomia e qualidade de vida.[2]

Substituiu as neurocirurgia ablativas (lobotomias) por ser mais adaptativa, reversível e eficaz.[3]

Aplicações Médicas

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Pode ser usado para tratar[4]:

Em alguns países como os EUA ainda não foi aprovado seu uso para a epilepsia, mas é permitido e usado em boa parte do mundo, especialmente na Europa.[3]

Mal de Parkinson

A estimulação cerebral profunda é usada para comandar alguns dos sintomas do Mal de Parkinson (MD) que não podem ser controlada por meio de medicações.[5][6] É recomendada para pessoas que têm MD com alterações motoras e tremor inadequadamente controlado por medicamentos, ou para aqueles que são intolerantes aos medicamentos, desde que não tenham problemas neuropsiquiátricos graves.[7] Quatro áreas do cérebro foram tratadas com estimuladores neurais na MP. São eles o globo pálido interno, o tálamo, o núcleo subtalâmico e o núcleo pedunculopontino. A ECP do globo pálido interno melhora a função motora, enquanto o ECP do tálamo melhora o tremor, mas tem pouco efeito na bradicinesia ou rigidez. A ECP do núcleo subtalâmico geralmente é evitada se houver história de depressão ou comprometimento neurocognitivo. A ECP do núcleo subtalâmico está associado à redução da medicação. No núcleo pedunculopontino, a ECP permanece experimental no momento. Geralmente a ECP está associada a uma melhora de 30 a 60% nas avaliações de pontuação motora.[8]

Pesquisas estão sendo feitas para que seja usado também no tratamento de[3][9]:

Mecanismo de ação

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Embora muito se tem estudado sobre como funciona a estimulação cerebral profunda, seus mecanismos não são plenamente conhecidos. Tal falta de compreensão impede tanto a concepção de sistemas de estimulação para o tratamento de doenças novas, assim como ajustes eficazes dos sistemas atuais. Os dados atuais sugerem-se a ECP substitui disparos neuronais patológicos, oscilações de baixa frequência, sincronização e bloqueio de padrões de disparo patológicos presentes em distúrbios do movimento, substituindo com padrões mais regulares.[11] Embora seja provável que seus mecanismos sejam diversos e ao mesmo tempo específico para doenças e ainda mais específico dependendo da região ou núcleos de alvo.

Com a instalação cirúrgica de eletrodos no cérebro, um controle externo permite regular a estimulação elétrica da áreas subcorticais com déficit neurológico e assim reequilibrar os circuitos neuronais danificados diminuindo a frequência de problemas como tremores, rigidez e contrações musculares involuntárias. Mesmo sem medicação complementar diminui aproximadamente 57% desses sintomas.[12]

Teorizam que no futuro possa vir a ser usada para aumentar a eficiência de cérebros normais, levantando questões éticas importantes, porém atualmente o uso é estritamente para tratamento de doenças.

Avanços recentes

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Recentemente um grupo de pesquisadores brasileiros liderado pelo neurocirurgião Erich Fonoff descreveu uma nova técnica de implante simultâneo de eletrodos para estimulação cerebral profunda bilateral (ECP Bilateral Simultanea) fazendo possível que o procedimento se tornasse mais rápido e preciso.[13][14] A precisão do implante faz toda a diferença pois a ECP tem seu efeito extremamente localizado.[15]

Efeitos adversos

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Dentre os efeitos adversos já relatados incluem alucinações, distúrbios cognitivos, hipersexualidade, depressão, mudança de personalidade e jogo patológico. Porém quando os problemas superam os benefícios do tratamento é possível desligar o aparelho e voltar a algum tratamento mais conservador. Outro possível problema é o deslocamento dos eletrodos, que nesse caso podem ser reposicionados com uma nova cirurgia ou retirados a pedido do paciente e família.[16]

Referências

  1. Kringelbach ML, Jenkinson N, Owen SLF, Aziz TZ (2007). "Translational principles of deep brain stimulation". Nature Reviews Neuroscience. 8:623–635. PMID 17637800.
  2. Parkinson Hoje. «Estimulação Cerebral Profunda». Consultado em 28 de agosto de 2017 
  3. a b c http://www.fcsaude.ubi.pt/thesis/upload/0/1147/tesediogomirandapdf.pdf
  4. http://www.medtronicdbs.com/essential-tremor/index.htm
  5. National Institute of Neurological Disorders and Stroke. Deep brain stimulation for Parkinson's disease information page Arquivado em 2016-11-20 no Wayback Machine Retrieved November 23, 2006.
  6. U.S. Department of Health and Human Services. FDA approves implanted brain stimulator to control tremors. Retrieved February 10, 2015.
  7. Bronstein JM, et al. (fevereiro 2011). «Deep brain stimulation for Parkinson disease: an expert consensus and review of key issues». Archives of Neurology. 68 (2): 165. PMC 4523130Acessível livremente. PMID 20937936. doi:10.1001/archneurol.2010.260 
  8. Dallapiazza RF, Vloo PD, Fomenko A, Lee DJ, Hamani C, Munhoz RP, Hodaie M, Lozano AM, Fasano A, Kalia (2018) Considerations for Patient and Target Selection in Deep Brain Stimulation surgery for Parkinson’s disease. In: Stoker TB, Greenland JC, editors. Parkinson’s disease: Pathogenesis and clinical aspects. Brisbane: Codon Publications
  9. Robertson MM. "Gilles de la Tourette syndrome: the complexities of phenotype and treatment". Br J Hosp Med (Lond). 2011 Feb;72(2):100–7. PMID 21378617
  10. Cury, RG; William OC et al. & Fonoff ET. «Parallel improvement in anxiety and tics after DBS for medically intractable Tourette syndrome: A long-term follow-up». Clinical Neurology and Neurosurgery. 144: 33–35. doi:10.1016/j.clineuro.2016.02.030 
  11. Florence, G; Sameshima K, Fonoff ET & Hamani C (6 de julho de 2015). «Deep Brain Stimulation More Complex than the Inhibition of Cells and Excitation of Fibers». The Neuroscientist (em inglês). 1073858415591964 páginas. ISSN 1073-8584. PMID 26150316. doi:10.1177/1073858415591964. Consultado em 1 de novembro de 2016 
  12. Deep Brain Stimulation More Complex than the Inhibition of Cells and Excitation of Fibers. Gerson Florence, Koichi Sameshima, Erich T. Fonoff, Clement Hamani.http://nro.sagepub.com/content/early/2015/07/04/1073858415591964.abstract
  13. Fonoff, Erich Talamoni; Angelo (18 de dezembro de 2015). «Simultaneous bilateral stereotactic procedure for deep brain stimulation implants: a significant step for reducing operation time». Journal of Neurosurgery. 125 (1): 85–89. ISSN 0022-3085. doi:10.3171/2015.7.JNS151026 
  14. Parkinson Hoje. «Estimulação Cerebral Profunda em uma única etapa». Consultado em 28 de agosto de 2017 
  15. «Deep brain stimulation». Wikipedia (em inglês). 2 de setembro de 2016 
  16. Burn DJ, Tröster AI (September 2004). "Neuropsychiatric complications of medical and surgical therapies for Parkinson's disease". J Geriatr Psychiatry Neurol 17 (3): 172–80. doi:10.1177/0891988704267466. PMID 15312281.